Se Deus fosse Homem (humano), não seria um só. Seria croata, moçambicano, coreano, judeu, protestante, onívoro e vegetariano. Teria que ser um cara onipresente, onisciente e, por que não, onipotente. Porque daí sim, talvez estejamos falando de todos nós, humanos, uma pequena parte do que seria Deus. E Deus nos veria, e veria o mundo com seus próprios olhos – ou seja, nossos olhos – dando sentido pra cada pequena coisa que acontece, cada evento singular. E claro que, sendo Deus um oni-tudo, ele se riria de si mesmo, de como ele é bobo.
O mais próximo das vistas de Deus sobre a raça humana que chegamos até hoje talvez seja o Youtube. Sim, o Youtube. É pelas lentes do “broadcast yourself” que as coisas acontecem no mundo inteiro, o dia inteiro. E recentemente decidiram “organizar” isso: a proposta era que milhares de pessoas gravassem vídeos do seu cotidiano e upassem pro site. Kevin Macdonald e Ridley Scott juntaram tudo e o resultado é esse aqui:
Medo, amor, violência, animais, comidas, acordar, dormir, nascer, perguntar. O que você tem no bolso agora? Tem tudo isso. As línguas que todos eles falam parece não importar, vi o filme e me sinto muito irmão de todo mundo ali. Life in a Day é a sensação estranha de Deus se olhando no espelho.